Na construção da sabedoria

Na construção da sabedoria

 O homem adquire como patrimônio indelével a sabedoria que constrói ao longo de sua jornada, que leva consigo por onde for, inclusive para além do espaço e do tempo, uma vez que é um ser espiritual,  infinito.

Após os estágios na esfera da atração, da sensação, do instinto, chega à racionalidade, construindo com sua mente e suas experiências aquilo que é hoje, descobrindo, porém, que a sua razão não compreende nem encontra todas as respostas.

O que há para além da racionalidade humana?

Em todos os tempos o conhecimento que a humanidade não alcança é atribuído à divindade, pois Deus não conhece limites. Então, procurando entender os mecanismos divinos que regem o Universo, novos horizontes vão se abrindo, e cada passo traz mais uma parcela de conhecimento, que se desdobra em sabedoria pensada, sentida e vivida.

Observando o mundo à sua volta, pelo modesto espectro de um ponto de vista, eivado de subjetividade de um indivíduo, em um local e em determinado momento histórico, o homem vai constatando que as respostas passam a ser portais para novas perguntas, e o processo cognitivo continua indefinidamente... 

O homem, à semelhança do Criador, aprende que para ele os limites também vão deixando de existir, pois quando pensa que está no seu limite, novos fatos, perspectivas e possibilidade se abrem, se desdobram, quase que de forma inesperada para ele e a vida continua, nos diversos planos da existência.

Premido pela necessidade de ir além da racionalidade, vai desenvolvendo outros mecanismos “ultracognitivos”, passando a usar recursos que vão para além daqueles até então preconizados como adequados à sua necessidade evolutiva, como a vontade, o desejo, a imaginação, a memória, a inteligência, o sentimento, as vibrações e os reflexos de sua essência espiritual.

Quando começa novo ciclo de compreensão, por outros canais ainda por ele não explorados ou conhecidos, geralmente o homem é eivado de dúvidas, medos, insegurança, devido ao desconhecimento e imprevisibilidade dos desdobramentos que virão como efeito dessa nova causa por ele empreendida.

Aí, mais uma vez os até então propalados limites humanos caem, novos padrões são descobertos, novos mecanismos são estabelecidos e uma nova forma de viver vai sendo reconstruída...

E o que se coloca mais uma vez, a ser descoberto, no horizonte do ser?

A velha idéia da divindade que tudo sabe, tudo preside, tudo pode, tudo vê, tudo cria, tudo dirige...

Logo, para além da racionalidade e dos mecanismos ultracognitivos que vão sendo desenvolvidos e educados, para além do homem estará sempre a Inteligência Suprema, a Causa Primeira de todas as coisas, que tantas vezes somos incapazes de compreender, mas que sempre existirá, apesar da nossa pequenez para adentrar em sua grandeza e eternidade.

Mas o que, na prática, adianta saber dessas informações? O que pode ser deduzido dessa busca do conhecimento?

a) O homem é um espírito, ser cuja racionalidade conduz o processo infinito, o processo evolutivo;

b) Quando a razão não é suficiente para compreender os fenômenos e mecanismos da vida, o homem tem que usar outros recursos, ultracognitivos que estão imanentes nele, como a vontade, o desejo, a imaginação, a memória, a inteligência, os sentimentos, as vibrações e reflexos, contidos em sua essência espiritual;

c) Que a noção de limite é aparente, pois este é circunstancial, conjuntural, uma vez que para além daquilo que parece ser o fim, a vida continua, conforme a vontade da Inteligência que rege o Universo.

 Portanto, os mecanismos de construção da sabedoria passam pela racionalidade, pelos recursos ultracognitivos e pela ideia de que o homem não tem fim ou limites, em face da sua origem Divina.

Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” - Paulo (Filipenses, 4:13)

 

Luciano Alencar (Barbacena) - publicado no jornal Novos Tempos, do C.E. Augusto Silva, edição nº 45