Consequências do aborto

07/08/2011 09:44

Quais as consequências do aborto?

 

Podemos dividir as consequências em clínicas, psicológicas e espirituais.

As clínicas estão relacionadas com o método usado, a presença ou não de assistência especializada e as condições orgânicas da gestante, além do período da gestação onde ele ocorre. Apresentam-se como processos infecciosos, que podem ser limitados e de mais fácil tratamento ou generalizados, causando danos imprevisíveis até a desencarnação. Podem ocorrer traumatismos sérios, dificultando a vida sexual sadia ou inibindo a possibilidade de novas gestações, até a esterilidade definitiva. As sequelas seriam as mais diversas, dependendo da gravidade e da extensão do comprometimento.

Do ponto de vista psicológico, as consequências são de difícil determinação. Na realidade, em minha experiência clínica, nunca ouvi uma cliente relatar ter feito um aborto sem expressar-se com tristeza e certo sentimento de culpa. Por mais que a mídia tente mostrar o contrário, mostrando personalidades que teriam abortado e as quais não se arrpenderam do ato, questiono se esses relatos seriam os mesmos na intimidade de uma psicoterapia, diante da própria consciência.

O índice de quadros depressivos na área psiquiátrica em mulheres com passado de abortos delituosos é muito grande e merecia um estudo mais meticuloso. O certo é que fica visível essa correlação, demonstrando que, ou por sentimento de culpa ou por ação obsessiva, o aborto pode ser uma das maiores causas da depressão. Associa-se a essa patologia à ideia do autoextermínio, também presente em grande número de depressões.

Do ponto de vista espiritual, sendo o aborto um crime contra a vida, as suas consequências são inúmeras, não só para a gestante, mas também para o abortado e para aqueles que participaram direta ou indiretamente do ato. Os resgates dolorosos de diversas formas, levando as criaturas a repensarem e se reposicionarem em relação ao aborto, transformando suas culpas e remorsos em ações de arrependimento e crescimento espiritual se farão mais cedo ou mais tarde. Entre eles, o mais complicado são os processos obsessivos, reunindo os criminosos e vítimas em tramas, muitas vezes de longa duração e de profundas dores. Outra maneira de aprendizado difícil para a gestante seria o desejo imenso da maternidade e a questão da esterilidade, obrigando-a a optar pela adoção ou pela inseminação artificial, cujas experiências, embora gratificantes, nem sempre são satisfatórias do ponto de vista dos sentimentos.

Não se pode esquecer a condição do abortado, que se vê frustrado na oportunidade de uma nova etapa encarnatória. Muitas vezes a decepção é maior devido as promessas feitas por aqueles que o impediram de retornar à crosta, antes de voltarem à Terra, num amplo projeto reencarnatório. A situação de terceiros, implicados no ato, não seria diferente. A culpa e o remorso que certamente os visitarão um dia serão pontos de sintonia para obsessões, muitas vezes cruéis ou para auto-obsessões que podem terminar em quadros de loucura ou suicídio.

É importante frisar que a sociedade, passando a aceitar as diversas formas de abortos delituosos, como vem ocorrendo, concordando com a realidade de mais de cinquenta milhões de abortos anuais (número de mortes maiores do que os da maior guerra mundial), passa a viver uma situação espiritual dolorosa, compatível com os aspectos mais deprimentes que temos presenciado nos noticiários do mundo inteiro. Saímos das obsessões individuais para as coletivas, de resgate muito mais difícil e demorado, já que o maior remédio para esses quadros é a reforma íntima, que nesses casos dependem da transformação de todo um grupo social.

Trecho do livro "Conversando sobre a sexualidade", de Roberto Lúcio Vieira de Souza, cap. 19